domingo, 10 de abril de 2016

ACESSIBILIDADE ACESSÍVEL... É POSSÍVEL?

O que vem em sua mente ao ouvir a palavra acessibilidade?


Com as mudanças que vêm ocorrendo, por conta da inclusão social das pessoas com deficiência, tem até acontecido alguma modificação nas estruturas arquitetônicas; já vimos piso tátil, estacionamento com vagas reservadas, rampas. Alguns lugares constroem de forma precária, outros com toda infra-estrutura, porém, os próprios dirigentes desses lugares não entendem que a acessibilidade tem que ser acessível...
Fui num dos teatros aqui da minha cidade, Presidente Prudente (SP), anexo ao prédio da prefeitura, e o acesso da calçada para a bilheteria tem duas escadarias: a primeira, com uns oito degraus estreitos, e a segunda é parecida, mas há um elevador para cadeirantes. Existe uma maneira de entrar sem ter que descer pela primeira escada, que é pelo estacionamento da prefeitura cercado por grades e portões, terminando o estacionamento, existe outro portão
Eu e meu amigo fomos num domingo e os portões estavam fechados, com alguns carros da prefeitura guardados. Então, ele foi perguntar para a funcionária da bilheteria como eu entraria lá e ficaram sem saber o que fazer, respondendo-lhe que logo viria alguém para abrir os portões, esperamos muito e então ele decidiu descer as escadas comigo(ele aprendeu a descer e subir degraus comigo na cadeira), e ele avisou a funcionária que já havíamos descido a primeira escada, aí aconteceu o mais engraçado, o elevador estava fechado, nos disseram a mesma coisa, que esperássemos alguém vir abri-lo , percebemos um corre-corre, provavelmente nem sabiam onde estava a chave. Como queríamos assistir à peça, resolvemos nos aventurar e descer a outra escadaria. Avisamos novamente e a moça, com um sorriso de alívio estampado no rosto, disse-nos: “ Ah sim! Já vamos abrir a porta para que entrem primeiro “.
Prontamente e com muita gentileza e simpatia, como se fosse um ato heróico, abriram a porta para que entrássemos ... muito bacana exerceram a cidadania!
O interessante é que, mesmo com toda essa dificuldade e constrangimento de ambas as partes, nossa (do meu amigo e eu) e deles, por não estarem preparados para usar a acessibilidade disponível, ainda assim, na saída não abriram o elevador nem os portões, saímos da mesma maneira que entramos.
Tenho vivenciado muitas situações parecidas, em escolas que tem rampas ou entradas plainas, mas tem que manter o portão fechado, por que as pessoas sem deficiência não respeitam, param motos na entrada, impedindo o acesso, ou dizem que não abrem porque não tem deficientes freqüentando o prédio. Claro! não são todos que tem o “espírito” aventureiro, já enfrentam as barreiras físicas, ainda chegar numa escola, ter que gritar da calçada –“Oi estou aqui, abram o portão”, e esperar por uns 5 minutos até um funcionário chegar e abrir(vivi isso numa das escolas). Também numa escola de teatro, com rampa, mas o portão que mantém aberto é do estacionamento com pedrinhas soltas, impossível de circular com a cadeira...
Engraçado também uma sorveteria muito bacana daqui, construíram uma rampa suave, bem revestida, cheguei no fim da rampa colocaram mesas e estavam ocupadas por duas famílias que tiveram que sair, cada um segurando sua taça gigantesca de sorvete e os funcionários retirando as mesas e cadeiras
A universidade onde estudo tem um número considerável de vagas reservadas para pessoas com deficiência, sinalizadas, com guia rebaixada. Faz um ano e meio que freqüento lá, mas era impossível conseguir uma vaga sequer, pois os motoqueiros ocupavam todas, inclusive no rebaixamento das calçadas, dificultando nosso acesso. Para fazer valer esse direito dos verdadeiros usuários, a universidade teve que fechar a entrada das vagas e disponibilizar dois funcionários para manter a organização.
É certo isso, ter que “cercar” a acessibilidade para que seja acessível?
O que está faltando é conscientização e educação de um modo geral.
Eu sou diferente de você. Você é diferente de mim. Somos todos diferentes, mas numa coisa somos iguais... Gostamos de respeito!



O motorista deste carro não tem deficiencia, mas usa a vaga.
Todas as vagas usadas por motoqueiros
são reservadas para pessoa com deficiencia.


Caminhada com mais de três mil participantes,
com muitos cadeirantes convidados...
Aceitei o convite para a caminhada, mas tive que enfrentar
obstáculos para chegar no ponto de partida, que era logo
depois da escadaria. Convidaram cadeirantes, mas
esqueceram de providenciar acessibilidade.

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